Quanto vale uma opinião?

Há alguns dias não escrevo, mais um semestre da faculdade recomeçou, o grupo de pesquisa, o estágio curricular e com isso diversas leituras e atividades. Além, claro, do meu trabalho, meu “ganha-pão” que tanto gosto.

Acho que também estava sem a tal da inspiração. Aí eu pensei: poxa vida, tantos assuntos para problematizar: maternidade compulsória, adoção tardia, apadrinhamento afetivo. Como assim Juliana tu está sem inspiração?

Decidi fazer o blog justamente para tornar visível o que muitas vezes não é divulgado, não tem belas fotos em outdoors.

As crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social não saem nas revistas, nos outdoors, nas propagandas de margarina da televisão. Você sabe que tem, mas muitas vezes não teve a vontade ou oportunidade de conviver com elas.

Crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional também não saem nos outdoors, até mesmo porque sua imagem precisa ser preservada, um direito previsto do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que tanto li nos últimos tempos.

Mas, nem por isso elas precisam ser escondidas, adolescentes invisíveis, que não possuem o olhar do outro. Aí vocês vão me dizer: Juliana é pra isso que servem os cuidadores das casas lares e abrigos. E eu vou te responder que realmente eles em sua maioria são ótimos. Tive a oportunidade de conhecer cuidadores e cuidadoras com uma sensibilidade imensa e que realmente são muito competentes e dedicados.

Porém, é preciso ser cuidador para poder olhar o outro? Ter empatia, preocupação e se dedicar ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes abrigados?

Em minha opinião, não. Mas de que vale minha opinião? Ultimamente, as burocracias do sistema não tem dado muita bola pra ela. Tem sido preferível formalizar, registrar, controlar e sim, ainda seguir com o impedimento das atividades da ONG onde atuo e que realiza um trabalho maravilhoso há quase dois anos.

Temos uma reunião prevista para o próximo mês. Estou cansada das burocracias, dos projetos por escrito que já fiz, estou com saudades dos pequenos. Semana que vem seria sábado de aniversolidário de um dos adolescentes e não estaremos lá, pois teremos que esperar até a próxima reunião para verificar se poderemos voltar ou não. Enquanto isso sigo tentando buscar inspiração e um tanto de paciência.

Obs: Todas as informações contidas nesse texto são opiniões pessoais e não em nome da ONG Doe o Seu Melhor.