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Queremos tanto adotar nosso bebezinho


imagem: CNJ

Escrevo este primeiro texto, após ler a publicação de desabafo de uma pessoa que está aguardando na fila de adoção. No post a pessoa comentava que queria muito “adotar um bebezinho, recém-nascido”, relatava sobre sua espera e que o tempo ia passar, seu bebezinho iria crescer e então ele cresceria em um abrigo. Também falou que não poderia engravidar e por isso o desejo pela adoção.


Fiquei alguns instantes em frente ao computador pensando em comentar aquele post, tentar explicar outras possibilidades de adoção (adoção tardia, adoção de crianças com algum problema de saúde). Tentar compreender o porquê da necessidade do recém-nascido. Mas desisti.


Desisti, pois já encarei inúmeras discussões a respeito e percebi o quanto é enraizada a ideia da necessidade da mulher ser mãe. E se, por acaso, não consiga engravidar e, por isso, optar por adotar, precisa ser uma adoção mais próxima possível de uma gravidez biológica, ou seja, adoção de recém-nascido e, de preferência, parecido com os adotantes.


Para ser “mãe de verdade", tem que ser biológica. Mulher nasceu pra ser mãe. Só saberá o que é “amor incondicional” se for mãe. E agora que tu já estás com teu marido há quatro anos, quando que vem o bebezinho, Juliana?


Será que um dia, nós mulheres, conseguiremos executar o papel de mãe, sem toda a pressão social que recai sobre nossos ombros? Será mesmo que uma mulher, que não conseguiu engravidar, entra na fila de adoção por amor a esse filho que ela vai encontrar ou porque ela P-R-E-C-I-S-A ser mãe? Porque se não for mãe, nunca será completa?


De acordo com dados do CNJ, atualmente, 85% dos casais habilitados no cadastro nacional de adoção têm interesse por recém-nascidos. A faixa etária mais procurada, e também mais esperada (média de 8 anos de espera para adoção), é de 0 à 5 anos. Enquanto isso, centenas de adolescentes, centenas de crianças com algum tipo de deficiência, esperam.


Sim, eles esperam muito. Muito mais do que aquele casal, que espera uma média de oito anos para adotar seu recém-nascido. Às vezes, eles esperam até completarem 18 anos e saírem do abrigo ou casa lar, sem terem sido adotados. Sem o direito que é deles, o da convivência familiar, previsto no belo Estatuto da Criança e do Adolescente. Às vezes, eles esperam por uma vida quando possuem algum transtorno mental e, por isso, acabam residindo em abrigos até a idade adulta.


Essa espera, sim, eu considero triste. Eles aguardam por ti, pessoa habilitada no cadastro nacional de adoção, que está aguardando seu recém-nascido. Eles precisam tanto de amor quanto o bebê que você espera.


E quanto ao meu bebezinho? Ele já deve estar grandinho, em algum abrigo me esperando para quando eu estiver pronta para adotá-lo.


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