top of page

Não podemos mais ver nossos pequenos




Tia, hoje é 2 de janeiro, ontem foi ano novo, tu não tá na praia?”. Não, apesar de ter passado a virada por lá, eu já não estava na praia. Sabia que este sábado era dia de visita. Há mais de dois anos, um sábado sim e um sábado não, nós sempre estávamos lá. Mas à partir de hoje, não.


Os pequenos - quando cito “pequenos”, saibam que eu me refiro desde os menorzinhos aos adolescentes - ao avistarem nossos carros chegando já colocavam-se no portão, na ansiedade pelas atividades que viriam naquela tarde.

As atividades envolvem pinturas, desenhos, jogos educativos, festas em datas comemorativas, sempre acompanhadas de um lanche, suco e refri. Além de claro, muito afeto. São crianças e adolescentes que por algum motivo estão afastadas de sua família biológica. Muitas, já desde pequenininhas, tendo sofrido o que muitos não passaram por uma vida inteira.

A maior necessidade deles? O afeto, o vínculo, a possibilidade do olhar do outro, de poder contar com alguém que fielmente estava lá e nunca os deixou na mão.

E nós, quem somos? Um grupo de pessoas voluntárias, dedicadas a doar o que temos de mais precioso na nossa vida: nosso tempo, para entregar aquilo que temos de melhor: muito amor. Foi assim que criamos o nome da ONG Doe o Seu Melhor. Com o intuito de doar o nosso melhor a quem mais precisa.


O pagamento? Abraços apertados, um "tia não vai embora", "tia vou te contar um segredo", um “muito obrigada pelo meu aniversário, foi a primeira vez que eu tive uma festa só minha”. Ou seja, tudo aquilo que, na pressa do dia a dia, se tornou descartável, pois é mais fácil dar um presente caro do que atenção e paciência. Para nós, esse é o maior tesouro, pois não custa nada e ao mesmo tempo vale muito.

Amanhã, sábado, seria dia de visita, mas nos tiraram isso. Fizeram uma denúncia contra o conteúdo da fanpage da ONG (que você pode conferir no link: https://www.facebook.com/doeseumelhor/), onde é possível avaliar e constatar se há qualquer abuso na comunicação efetuada. Nas fotos das atividades, sempre há cobertura dos rostos, desfocagem ou outra proteção de identidade. Fotos com rostos identificáveis, são fotos comerciais, cedidas ou de membros da ONG, Como a pequena Maria, nossa voluntária mirim de 4 anos.


Dói saber que os pequenos vão estar esperando no portão, achando que a gente se atrasou. Mas não, pois com o coração partido não poderemos visitá-los. O procedimento é aguardar para que talvez um dia tenhamos autorização.

O resultado disso? Mais um rompimento (brusco) de vínculos afetivos que essas crianças e adolescentes terão na vida deles.


Espero que não pensem que nós os abandonamos. Estamos lutando para voltar.


Posts Destacados 
Posts Recentes 
Procure por Tags
Nenhum tag.
bottom of page